Dia Internacional das Pessoas Idosas | 1 de outubro
Celebra-se hoje, dia 1 de outubro, o Dia Internacional das Pessoas Idosas. O tema das Nações Unidas para este ano é “As Pessoas Idosas Impulsionam Ações Locais e Globais: as Nossas Aspirações, o Nosso Bem-Estar e os Nossos Direitos”.
Este dia, estabelecido pela ONU em 1990, visa celebrar e reconhecer o papel e a importância da população idosa, promovendo a sua participação ativa e defendendo os seus direitos.
O tema deste ano destaca a necessidade de valorizar as pessoas idosas como protagonistas que impulsionam iniciativas em diferentes esferas da sociedade, tanto a nível local como global, e que as suas ambições, bem-estar e direitos devem ser sempre considerados.
A ONU (2020) definiu o lema “Envelhecimento ativo e saudável” para a década de 2021-2030, procurando alterar a forma como as pessoas pensam, sentem e agem em relação à idade e ao processo de envelhecimento.
Em 2023, a população residente em Portugal continuava a ser maioritariamente composta por mulheres. Tal pode ser explicado por dois fatores principais: maior esperança de vida das mulheres à nascença e maior taxa de mortalidade dos homens. Apesar de, à nascença, as mulheres viverem, em média, cerca de 5 anos a mais do que os homens, elas, aos 65 anos, têm à sua frente, menos anos de vida saudável do que eles (Boletim Estatístico de 2024, www.cig.gov.pt).
A esperança média de vida à nascença, indicador global de saúde, tem progredido tanto para homens como para mulheres, embora seja tendencialmente superior no caso das mulheres, as quais, em média, vivem cerca de 84 anos, enquanto os homens vivem em média cerca de 78 anos. Em 2022, aos 65 anos, os anos de vida saudável eram para as mulheres de 7,3 e para os homens de 8,6 (idem). Tais indicadores remetem para um estado de saúde das mulheres idosas mais precário do que o dos homens, e que é marcado frequentemente por doença crónica e por crescentes níveis de incapacidade que podem gerar dependência multidimensional.
Paralelamente, importa atender e refletir igualmente sobre os principais fatores que contribuem para uma menor esperança média de vida dos homens, onde não se pode deixar de mencionar os estereótipos de género que muitas vezes influenciam estilos de vida menos saudáveis e uma menor procura da monitorização do seu estado de saúde.
Tendo, ao longo da vida, ocorrido grande diferença salarial entre mulheres e homens, a disparidade nas pensões é ainda maior, estando as mulheres idosas particularmente mais expostas ao risco de pobreza do que os homens (idem). Em 2024, segundo dados do Eurostat o gap entre mulheres e homens ao nível das pensões era de 23,2%, em prejuízo das mulheres.
A violência de género continua a afetar desproporcionalmente as mulheres, pelo que, também as mulheres idosas são vítimas desta desproporção. As pessoas agressoras são, maioritariamente, membros da família, tendencialmente cônjuges e descendentes.
Em 2024, foram atendidas pelas estruturas da Rede Nacional de Apoio a Vítimas de Violência Doméstica (RNAVVD), 1858 mulheres e 412 homens com mais de 65 anos. No mesmo ano, estavam acolhidas na RNAVVD 70 mulheres e 5 homens com mais de 65 anos. (Fonte: CIG, monitorização RNAVVD 2024)
Esta é talvez uma das faces mais sombrias do envelhecimento. A violência contra as mulheres idosas é um fenómeno com tendência crescente, sobretudo se tivermos em consideração os índices de dependência desta população, cuja longevidade se encontra acrescida nas nossas sociedades.