Nota de Pesar pelo falecimento de Antónia de Sousa (1940-2025)
A CIG lamenta profundamente o falecimento de Antónia de Sousa, jornalista do Diário de Notícia, cujo trabalho em prol da defesa dos direitos das mulheres se destacou.
Foi responsável, com Maria Antónia Palla, pela criação do programa “Nome de Mulher”, suspenso em 1976 por fazer uma emissão sobre o aborto.
Em 1976, Antónia de Sousa e Maria Antónia Palla foram responsáveis pelo programa da RTP “Nome de Mulher”. A condição feminina em Portugal era um tema que Antónia de Sousa já trabalhava possibilitando que o programa, ao longo de dois anos, tenha transmitido reportagens sobre a vida das mulheres em diferentes geografias do país.
Este conhecimento, e empenho, trouxe para a agenda mediática a situação das mulheres em Portugal, nomeadamente: a sua participação na vida política, os problemas das mães solteiras, a prostituição, o planeamento familiar, a crise económica. “Nome de Mulher” seria suspenso por ter abordado, numa das suas emissões, a questão do aborto (que à época continuava clandestino) e as múltiplas situações que afetavam as suas vidas.
Este intenso envolvimento nos problemas específicos da vida das mulheres, sempre desvalorizados e mesmo invisibilizados, fará com que Maria de Lourdes Pintassilgo apelide Antónia de Sousa, Maria Antónia Palla e Maria Antónia Fiadeiro como as «Três Antónias», estabelecendo um paralelismo com «As Três Marias» (Maria Teresa Horta, Maria Isabel Barreno e Maria Velho da Costa), e a sua obra comum “Novas Cartas Portuguesas”.