Teatro Fontenova estreia “O erro de Gpto ou as mentiras de Pi” com a inquietação da era da IA
Lisboa, 07 nov 2025 (Lusa) – O Teatro Estúdio Fontenova estreia, no dia 14, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, a peça “O erro de Gpto ou as mentiras de Pi”, que interroga o mais humano, num tempo de manipulação e robotização, anunciou a companhia.
Com texto original da mulher trans, atriz e dramaturga Rosa Dias, que expõe inquietações sociais, o espetáculo é um monólogo inspirado na figura do Pinóquio, interpretado pelo ator trans Ren D-Marcus, “que cria uma metáfora entre o mundo da tecnologia, da robotização e Inteligência Artificial e a identidade de género”, disse à Lusa Patrícia Paixão, do Teatro Estúdio Fontenova.
Será Pi “uma marioneta humanizada qual filho de Gepeto, ou uma atualização de sistema gerada por Inteligência Artificial sob o comando de GPTO?”, lê-se numa nota de apresentação da peça.
Na perspetiva que esta companhia de Setúbal põe em cena, “Pinóquio já não é” o que, em 1881, Carlo Collodi contou em “As aventuras de Pinóquio”: deixou de ser um boneco de madeira, pois “a sua paisagem interior é metaforizada com recurso à robotização (…), a relação entre tecnologia e corpo”.
Todavia, a questão sobre “quando é que um corpo deixa de ser manipulado social e culturalmente para passar a fazer ecoar a sua voz interior” mantém-se, acrescenta a mesma nota.
“Para medir um círculo, começa-se num ponto qualquer. E para medir uma pessoa, por onde começar? Pelos pés, mãos, umbigo ou cabeça? Por onde anda, faz, pensa de si ou do mundo? E quando medida, por que atributos é então definida?”, interroga o espetáculo.
Por onde é que se começa a medir uma pessoa é a questão central da peça, contrapondo com a medição de um círculo “em que se começa por um ponto qualquer”.
A peça junta “um lugar de fala da autora, Rosa Dias, e do intérprete, Ren D-Marcus, numa comunhão” que o Teatrio Estúdio Fontenova pretende “ser habitat da identidade de género e, acima de tudo, de equidade humana na sua plenitude”.
No dia 15, pelas 16:30, será lançado, na livraria Culsete, em Setúbal, o livro com o texto da peça, durante uma conversa em que participarão Dani Bento, engenheira de software, licenciada em astrofísica e astronomia e pós-graduada em sexualidade humana, que também é ativista pelos direitos LGBTQIA+, justiça social e saúde mental.
A dramaturga e professora Luísa Monteiro e Rosa Dias estarão também presentes na conversa.
Com espaço cénico e encenação de José Maria Dias, assistido por Sara Túbio Costa, o espetáculo tem música original de João M. Mota, apoio ao movimento de Rafael Barreto, desenho de luz de Ivan Castro e José Maria Dias e figurinos de Zé Nova.
A sonoplastia é de Emídio Buchinho e a operação técnica de Ivan Castro.
Em cena até dia 23 no Fórum Luísa Todi, o espetáculo pode ser visto de quarta-feira a sábado, às 21:00, e, ao domingo, às 17:00.
No final da récita de dia 16, haverá uma conversa com o público, com a presença de Tomás Barão, do coletivo Qardume e ativista LGBTQIA+, e Joana Peres, da Cooperativa SEIES – Sociedade de Estudos e Intervenção em Engenharia Social.
No dia 18, haverá sessões para escolas, às 11:00 e às 15:00, e a récita de dia 23 contará com audiodescrição.
CP // MAG
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Fonte: LUSA



















