Ministra pede reflexão sobre silêncio de vítimas após denúncia de violência doméstica
Lisboa, 04 jun 2025 (Lusa) – A ministra da Justiça defendeu hoje que “há um caminho que pode ser feito” para que o testemunho inicial de vítimas de violência doméstica possa ser tido em conta em tribunal mesmo que estas se remetam depois ao silêncio.
“Se alguém é vítima e teve um momento em que foi ao hospital, foi identicado e falou, percebeu-se que foi vítima de uma agressão do marido, do cônjuge, de algum familiar, e depois mais tarde não tem coragem de falar (…), por que é que esse testemunho que foi dado não é valorizado?”, questionou Rita Alarcão Júdice.
A ministra explicou que o testemunho inicial não é valorizado porque juridicamente não é possível, mas admitiu que “se calhar é um caminho que pode ser feito”.
“É uma situação que temos de repensar”, sustentou Rita Alarcão Júdice durante a emissão especial da Rádio Renascença “Três por Todos, dedicada ao combate da violência doméstica.
A governante reconheceu que o direito ao silêncio em tribunal “é uma medida para proteger a vítima”, mas argumentou que permitir que tal ocorra pode signicar que “a situação de agressão” se perpetua.
Rita Alarcão Júdice considerou, ainda, que é necessário “quebrar um pouco a ideia de que só o testemunho da vítima deve valer” como prova num processo por violência doméstica.
Uma maior ecácia na atribuição de indemnizações às vítimas para que estas se consigam autonomizar dos agressores, o reforço das equipas de vigilância eletrónica e a valorização da carreira destes prossionais, bem como o aumento da formação dos juízes foram outras das medidas enumeradas pela ministra da Justiça para melhorar o combate à violência doméstica.
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Se é vítima de violência de género ou conhece alguém que o seja ou corra o risco de o ser, pode contactar a linha nacional de apoio 800 202 148 ou enviar sms para 3060. O serviço de informação, gratuito, anónimo e confidencial, funciona 24 horas por dia. Peça apoio. Denuncie.
Fonte: LUSA