O Projeto
O Projeto Engenheiras por um dia vem responder aos objetivos da Agenda para a Igualdade no Mercado de Trabalho e nas Empresas. Desse modo, visa contribuir para o Programa de combate à escolha por mulheres e por homens de áreas profissionais distintas, fenómeno também conhecido por segregação sexual das ocupações profissionais.
O Projeto-Piloto inicia-se em 2017-2018 e foi desenvolvido por 10 escolas/agrupamentos escolares. Em 2018-2019, o Projeto continuou e alargou-se a 26 escolas/agrupamentos escolares.
- Caracterização do Projeto
- Desenvolvimento do Projeto – 2017-2018
- Desenvolvimento do Projeto – 2018-2019
- Materiais do Projeto
Caracterização do Projeto
Enquadramento
As profissões associadas às engenharias e às tecnologias têm evoluído de forma muito positiva quando falamos de remunerações e de rendimentos, de possibilidades de carreira e de potencialidades de inovação e de progresso para a economia. Contrariamente a esta tendência, a percentagem de mulheres que frequentam os cursos de engenharia e tecnologias tem evoluído de modo negativo e preocupante. Quer isto dizer que a taxa de feminização destes cursos se tem mantido baixa e sem alterações.
São disso exemplo:
- Entre 2013-2014 e 2015-2016, a percentagem de raparigas inscritas nos cursos de engenharia situou-se em 19%. Se excluirmos os cursos de Engenharia Química, Química e Biologia, Biomédica e Bioengenharia (nos quais se concentram a maior parte das inscrições das raparigas), esta percentagem desce para 15%.
- Nos cursos de Tecnologias de Informação e Comunicação, a percentagem de mulheres diplomadas atingiu 26% em 2000. A partir de 2007 começou a descer e durante cerca de 10 anos manteve-se abaixo dos 20%. Apenas em 2017 a percentagem de mulheres diplomadas em TIC voltou a atingir 20%.
Esta situação constitui um problema porque as áreas de Engenharia e das Tecnologias são setores de forte empregabilidade e com elevada importância estratégica para o futuro desenvolvimento, económico e social.
Assim, é urgente alterar de forma definitiva a tendência para uma fraca participação das mulheres nestes domínios, pois de outro modo estaremos a criar condições para futuras diferenças salariais significativas entre homens e mulheres, anulando os progressos alcançados nas últimas décadas.
Finalidade
A finalidade do Projeto é prevenir o eventual futuro agravamento das disparidades entre mulheres e homens, quanto a oportunidades profissionais, de carreira, de rendimentos e de possibilidades de ascensão a cargos de decisão.
Pretende-se levar as alunas do ensino não superior a optar pelas engenharias e pelas tecnologias, desconstruindo a ideia de que estas são domínios masculinos, e fomentar nos rapazes a ideia de que todas as áreas profissionais devem ser partilhadas pelos dois sexos. O Projeto pretende valorizar a ideia de que todos os ambientes profissionais devem ser igualmente amigáveis para mulheres e para homens.
Objetivos
- Combater os preconceitos e estereótipos sexistas sobre o que é suposto ser próprio e adequado às mulheres/raparigas e aos homens/rapazes.
- Desmistificar a ideia dominante de que há áreas académicas e profissionais mais próprias dos homens e outras que são mais próprias das mulheres.
- Desconstruir, junto das alunas e dos alunos, preconceitos e estereótipos sobre as áreas profissionais e de conhecimento associadas à Engenharia e às Tecnologias.
- Promover uma escolha mais livre destas áreas de estudo por parte das raparigas.
- Potenciar redes informais de mentoria a nível local e regional, com profissionais do sexo feminino e com raparigas que estudam estes domínios.
- Sensibilizar as escolas e os agentes educativos para o problema da separação dos sexos por ocupações, incluindo as profissionais, e em particular para a escassez de mulheres nos domínios das Tecnologias e da Engenharia.
- Mobilizar os agentes educativos para estratégias concertadas de transversalização desta problemática nas suas atividades (ordens profissionais, ensino superior, escolas profissionais, autarquias, empresas e centros tecnológicos).
- Envolver autarquias e incentivá-las a combater e prevenir os desequilíbrios ocupacionais entre mulheres e homens.
Público-destinatário
O Projeto destina-se às alunas e aos alunos do ensino secundário (dos cursos de ciências e tecnologias) e do 3º ciclo do ensino básico das escolas públicas.
Coordenação
Sob a tutela da Secretária de Estado da Cidadania e a Igualdade, o Projeto foi coordenado no primeiro ano pela Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG) e pelo Instituto Superior Técnico (IST).
No segundo ano, passa a ser coordenado pela CIG, IST, Carta Portuguesa da Diversidade e Ordem dos Engenheiros.
Parcerias
Em 2017-2018, o Projeto contou com a parceria de três empresas (Microsoft, IBM e Siemens) e de uma ONG (Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres – APEM).
Em 2018-2019, esta parceria alarga-se a 40 organizações/empresas/universidades.
Operacionalização
No primeiro ano, o projeto inicia-se com uma sessão em cada escola, realizada por universitárias dos cursos de Engenharia, dirigida a alunas do ensino secundário (cursos de ciências e tecnologias) e do 3º ciclo do ensino básico. Esta sessão alicerça-se nas dinâmicas entre pares e consiste em duas partes: uma experimental (resolver e experimentar desafios); outra de partilha de experiências. No segundo ano, o projeto inicia‑se em setembro, sem reuniões preliminares.
Em 2017-2018, as estudantes do Instituto Superior Técnico realizaram as sessões nas 10 escolas para 480 alunas. A maioria das alunas frequentava os 10º e 11º anos dos cursos de Ciências e Tecnologias.
Em 2018-2019, coube às estudantes do IST e das Universidades do Minho, da Beira Interior, Atlântica e do Algarve a dinamização destas sessões. Nas escolas, manteve-se o predomínio das alunas do secundário, mas o número de alunas do 9º ano subiu relativamente ao ano anterior. O Projeto alarga-se, de forma mais ampla, ao 3º ciclo do ensino básico. As alunas que participam nas sessões são cerca de 1.150.
Depois da sessão das estudantes universitárias, cada escola desenvolve o Projeto da forma que considerar mais adequada, articulando com entidades parceiras, dos respetivos territórios, tais como autarquias, universidades, institutos politécnicos ou centros tecnológicos, escolas profissionais, empresas, órgãos de imprensa ou outras.
Estas parcerias poderão proporcionar a alunas e alunos um conhecimento direto das áreas científicas e tecnológicas específicas de cada organização através, por exemplo, de visitas às suas instalações e de palestras nas escolas a cargo de engenheiras e/ou estudantes de engenharia.
Calendarização
Desenvolvimento do Projeto – 2017-2018
Início do Projeto
O Projeto iniciou-se com a realização de reuniões com cada escola, em junho de 2017 e, de novo, em outubro de 2017, nas quais se equacionou o modo como cada escola poderia desenvolver o Projeto e o tipo de atividades a realizar.
Em 10 de outubro de 2017, teve lugar no Exploratório Ciência Viva, em Coimbra, a cerimónia de apresentação pública do Projeto e de assinatura de um Protocolo de colaboração entre todas as entidades envolvidas.
As Escolas
- Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira (Seixal)
- Escola Secundária D. Filipa de Vilhena (Porto)
- Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho (Figueira da Foz)
- Agrupamento de Escolas Dr. José Domingues dos Santos (Lavra)
- Agrupamento de Escolas nº 4 de Évora
- Agrupamento de Escolas do Fundão
- Escola Secundária Garcia de Orta (Porto)
- Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo
- Agrupamento de Escolas de Pombal
- Agrupamento de Escolas Prof. Reynaldo dos Santos (Vila Franca de Xira)
As Organizações Parceiras
- APEM
- IBM
- Microsoft
- Siemens
Adesão ao Projeto
Participaram no Projeto 742 discentes (64% raparigas e 36% rapazes). Quanto ao nível de ensino, 78% frequentavam o ensino secundário (principalmente o 10º e o 11º anos dos Cursos de Ciências e Tecnologia – CT) e 22% o 3º ciclo do ensino básico (9º ano).
Desenvolveram o Projeto 47 docentes e 5 profissionais dos serviços de psicologia e orientação escolar (88% do sexo feminino e 12% do sexo masculino).
Integração Curricular
No ensino secundário, o Projeto envolveu cerca de 70% das disciplinas dos cursos de Ciências e Tecnologias, incidindo predominantemente nas disciplinas de Inglês, Português, Filosofia, Biologia e Física e Química. No ensino básico foram as disciplinas de Línguas, História e Educação para a Cidadania que mais contribuíram para o Projeto.
O Projeto foi, ainda, objeto de integração em ou articulação com Serviços de Psicologia e Orientação Escolar(SPO) e com os Projetos de Educação para a Saúde, Educação Sexual e Educação para a Igualdade de Género. Contou também com o envolvimento da coordenação de bibliotecas escolares.
Linhas de ação
Três dimensões marcaram os percursos das escolas no 1º ano do Projeto:
- Sessões e palestras de pessoas externas às escolas (mentoria/role models)
- Visitas a empresas e a instituições de ensino superior
- Aprendizagens em contexto curricular e disciplinar
As Atividades
O Projeto levou à realização de diversas atividades, de acordo com as prioridades e as opções de cada escola (Ver Relatório). Destacam-se alguns tipos de iniciativas como:
- Inclusão do Projeto em eventos temáticos (como a Semana das Ciências)
- Palestras de especialistas
- Sessões com engenheiras (Comemoração do Dia Internacional Raparigas nas TIC)
- Sessões com estudantes de engenharia e/ou tecnologias (alunas do IST, alunas de escolas profissionais, ex-alunas das escolas a frequentar cursos de engenharia)
- Visitas a empresas e a universidades
- Integração nos conteúdos de disciplinas do currículo do ensino básico e do ensino secundário
- Produção de instrumentos de sensibilização e de divulgação para a comunidade educativa (campanhas, exposições, notícias, folhas informativas).
Seminário Final
O Seminário de Balanço Final do Projeto teve lugar no dia 4 de maio, no Instituto Superior Técnico, e mobilizou 411 pessoas das escolas. Durante um dia, as Direções das 10 Escolas, as equipas de docentes (cerca de 40 profissionais) e 372 alunas e alunos partilharam experiências e debateram o desenvolvimento do Projeto. (Ver Relatório)
Eis alguns testemunhos:
Reações das alunas
“Das melhores iniciativas dos últimos anos. Temos mais uma porta aberta. Sabemos como funcionam as engenharias.”
“O projeto na nossa escola incluiu outras áreas que não apenas ciências. Foi mais extenso. Abordámos temas relacionados com a Igualdade de Género. Ajudou a abrir horizontes. Direcionou muito para as Engenharias, mas a desigualdade existe em muitas áreas (…)”
Impacto nas alunas
“O projeto foi uma forma de eu desmistificar e reconhecer competências que até aí não julgava ter, queria ir para médica, etc.”
“Por me subvalorizar, como muitas mulheres fazem, não pensei que fosse tão boa como alguns homens.
Há uma condicionante social que nos leva a tomar decisões que não defendem, necessariamente, os nossos interesses.”
Raparigas e rapazes
“Este projeto não é para superiorizar as mulheres, mas para criar condições para a Igualdade.”
“A desconstrução dos papéis de género é mais difícil para os rapazes do que para as raparigas. Os rapazes tiveram interesse porque é uma área que lhes diz. Se fizéssemos um projeto para cursos de raparigas eles rejeitavam.”
“Os rapazes aceitaram bem, mas, para eles, não é evidente que a mudança seja necessária.”
“Fico feliz por ter nascido nesta geração. O que os rapazes sentiram foi o que nós sentimos durante todos estes anos: excluídas de alguns contextos.”
“Se queremos igualdade, devemos lutar, os dois sexos, e foi isso que aconteceu. Há mais informação. Sabemos que podemos ganhar dinheiro e, simultaneamente, mudar o mundo!”
No Seminário, as Escolas partilharam o seu trabalho através de posters que permaneceram expostos durante o evento.
Avaliação
Coube à Associação Portuguesa de Estudos sobre as Mulheres (APEM) fazer a avaliação de impacto do Projeto junto das alunas e alunos envolvidos no conjunto das dez escolas. Do primeiro ano do Projeto foi publicado um Relatório disponível no site da CIG.
Desenvolvimento do Projeto – 2018-2019
As Escolas
- Agrupamento de Escolas Alberto Sampaio (Braga)
- Escola Secundária Alfredo dos Reis Silveira (Seixal)
- Escola Básica e Secundária Aquilino Ribeiro (Oeiras)
- Agrupamento de Escolas Augusto Cabrita (Barreiro)
- Escola Secundária de Camões (Lisboa)
- Agrupamento de Escolas Carlos Amarante (Braga)
- Agrupamento de Escolas D. Maria II (Sintra)
- Agrupamento de Escolas Daniel Sampaio (Almada)
- Escola Secundária Dr. Joaquim de Carvalho (Figueira da Foz)
- Agrupamento de Escolas Dr. José Domingues dos Santos (Lavra)
- Agrupamento de Escolas Dr. Serafim Leite (S. João da Madeira)
- Escola Secundária du Bocage (Setúbal)
- Escola Secundária Filipa de Vilhena (Porto)
- Agrupamento de Escolas Francisco de Holanda (Guimarães)
- Escola Secundária Francisco Rodrigues Lobo (Leiria)
- Agrupamento de Escolas do Fundão
- Escola Secundária Garcia da Orta (Porto)
- Agrupamento de Escolas nº 1 de Gondomar
- Agrupamento de Escolas de Miranda do Corvo
- Agrupamento de Escolas de Odemira
- Agrupamento de Escolas de Pombal
- Agrupamento de Escolas Prof. Reynaldo dos Santos (Vila Franca de Xira)
- Agrupamento de Escolas de Tondela Cândido Figueiredo
- Agrupamento de Escolas Póvoa de Lanhoso
- Agrupamento de Escolas Pinheiro e Rosa
- Escola Secundária de Vila Verde
As Organizações Parceiras
- Altice
- Altran
- Associação DNS.pt
- Blip
- Coriant
- EDP
- Ericsson
- Essilor
- Gebalis
- GMTel
- H tecnic
- IBM
- Ikea
- Infra-estruturas de Portugal
- Instituto Informática da Seg. Social
- L´Oréal
- Microsoft
- NOS Comunicações
- Repsol
- Siemens
- Vodafone
- Fundação Portuguesa das Comunicações
- APEM
- Geek Girls
- Associação Nacional dos Professores de Informática
- Sociedade Portuguesa de Robótica
- Academia de Código
- FSC Portugal
- Sensei
- Universidade Atlântica
- ISCTE-IUL
- Instituto Superior Técnico
- Universidade Lusíada V. Nova Famalicão
- Universidade da Beira Interior
- Universidade do Algarve
- Universidade do Porto – Faculdade de Engenharia
- Universidade de Évora
- Universidade do Minho
- Universidade Nova de Lisboa – Faculdade de Ciências e Tecnologia
- Universidade de Coimbra – Faculdade de Engenharia